Crítica | Terrifier 3 ignora o limite do gore e desafia público pelo desconforto visual

Há projetos que você costuma indicar sem receio para qualquer pessoa, geralmente por apresentar um conteúdo que é facilmente digerido e tem grande poder para entreter alguém por até duas horas. A saga Terrifier tinha tudo para se encaixar nessa descrição para os fãs de horror, servindo como um slasher intrigante protagonizado por um palhaço carismático. Apesar disso, sua abordagem pretende o contrário e o terceiro filme vem para quebrar ainda mais os próprios limites da franquia e projetar desconforto diante de cenas extremamente gráficas, sanguinárias e dignas de causar enjoo até mesmo para o mais acostumado entusiasta do horror.

Agora ficou ainda mais fácil entender o porquê de tantos relatos das pessoas supostamente passando mal no cinema.

O enredo gira em torno do retorno do palhaço Art (David Howard Thornton) aprontando suas peripécias em noites natalinas. Enquanto isso, Sienna Shaw (Lauren LaVera) tem sua alta médica da clínica onde se reabilitava dos problemas psicológicos causados pelo trauma dos assassinatos que presenciou. A protagonista logo procura seu irmão Jonathan (Elliott Fullam) e o convence de que o palhaço demoníaco logo vai voltar a atormentar suas vidas.

A grande realidade é que pouco importa o que o roteiro quer nos contar, o longa não investe muito nisso, ainda assim vai além dos seus antecessores, não mais dando a impressão de que aquilo é apenas um conjunto de esquetes. Existem pequenos fios narrativos que ligam cada personagem introduzido a Sienna, mas isto consume pouco tempo de tela, dando mais espaço ao que é realmente o grande trunfo de Terrifier 3, as sequências absurdamente criativas de mortes combinadas a uma maquiagem impecável, extremamente realista (ao ponto de incomodar).

O projeto é uma grande alternância entre os cenários brutais por onde caminha Art com sua aliada Victoria Heyes (Samantha Scaffidi) e alguns trechos de uma narrativa rasa que tenta de alguma forma conectar os acontecimentos. A adição de Gabbie, interpretada pela atriz mirim Antonella Rose, é um dos poucos elementos narrativos que realmente causa algum interesse. A menina recebe um bom destaque a medida em que, no outro extremo, o enredo deixa claro que este pseudo-slasher não respeita as regras não escritas do subgênero, incluindo a parte na qual crianças não correm um perigo real.

É já no prelúdio que temos uma breve participação do ex-lutador da WWE Chris Jericho, servindo para ditar exatamente o que devemos esperar do filme.  Sua cena é uma composição rápida que envolve uma overreaction absurda (caras e bocas que ultrapassam o limite do ridículo) seguida de uma execução visceral que captura a essência intimidadora e a psicopatia da dupla de assassinos.

A obra que fecha a trilogia de Terrifier tem claros aspectos que mostram evolução, mas isso não significa que a franquia mudou sua natureza a qual fez ganhar tanta notoriedade. Não é um grande filme, tem atuações medíocres para ruins (salvo raras exceções) e uma história pouco inspirada. No entanto, a grande carta deste filme é ser excepcional no que se propõe a entregar com maestria. Isto inclui abarcar o gore e a todas as ideias inventivas para as cenas mais “sensíveis”, o que certamente fará desta uma experiência marcante no cinema.

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