Juntos flerta com o horror, mas tem medo de ir fundo | Crítica

Crítica | Juntos é bom? Análise resenha

Chamando atenção entre os fãs de terror desde o primeiro trailer, o filme Juntos chega carregado de expectativas — que não se confirmam. Apesar de contar com uma premissa original e alguns momentos eficazes de desconforto, o longa jamais se entrega totalmente ao terror. O que poderia ser uma experiência intensa e ousada se contenta com um suspense morno e previsível.

A história gira em torno de um casal em crise. Após anos juntos, os dois parecem presos a uma rotina emocional desgastada, onde a dúvida entre amor e comodismo ronda cada olhar e silêncio. Essa base dramática é, sem dúvida, um dos pontos fortes do filme. Juntos consegue refletir sobre temas importantes como o luto, frustrações e dependência afetiva dentro de um relacionamento, tudo isso com um certo peso emocional que prende a atenção.

No entanto, quando se trata de horror, o filme hesita. Ele sugere, insinua, flerta com o desconforto… mas não tem coragem de mergulhar por completo. A direção opta por uma abordagem segura, evitando cenas mais gráficas ou ousadas que poderiam elevar a experiência. O body horror, por exemplo, é apenas tocado e nunca explorado com profundidade. Há um incômodo no ar, mas ele nunca explode. Falta ousadia!

Assista ao trailer

Visualmente, o filme entrega bons efeitos práticos e uma maquiagem bem executada, que ajudam a sustentar algumas das cenas mais desconfortáveis. Há momentos em que o uso de CGI fica perceptível para olhares mais treinados, mas nada que comprometa o resultado geral. A ambientação, por outro lado, aposta no lugar-comum: casa isolada no meio do mato, floresta misteriosa, clima de reclusão. Funciona, mas não surpreende.

O roteiro também apresenta problemas. Além de confuso em alguns momentos, ele insere subtramas e explicações que são jogadas sem a devida construção. Há uma tentativa de expandir o universo emocional dos personagens com acontecimentos do passado, mas essas informações surgem do nada e não são bem desenvolvidas. Fica a sensação de que o filme quis dizer muita coisa, mas não aprofundou nenhuma delas.

Nas atuações, Alison Brie se destaca ao entregar uma performance intensa, que carrega parte do drama nas costas. Já Dave Franco, mesmo considerando o perfil mais apático de seu personagem, não consegue imprimir a mesma força. Sua presença em cena é fraca, e a falta de emoção prejudica a construção da relação entre os dois protagonistas.

Juntos tinha tudo para ser mais do que é. Com uma premissa original e um bom ponto de partida, poderia ter sido um filme perturbador e marcante. Mas falta coragem para ir além, para se arriscar no horror de fato. O resultado é um suspense que intriga, mas não assusta; que incomoda, mas não marca; que promete muito, mas entrega pouco.

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