Um projeto que tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo, mas falha em estabelecer um tom coerente para conduzir sua narrativa. Confinado, protagonizado por Bill Skarsgård, evoca um suspense psicológico que tenta abarcar um subtexto social e soar mais profundo do que realmente é. Ainda que conte com boas atuações e uma ambientação capaz de provocar desconforto, o filme se perde ao insistir em mensagens bruscas e diálogos artificiais. O resultado é uma obra que não incomoda nem emociona o suficiente para marcar.
A trama acompanha a vida de Eddie, um criminoso que é preso em um veículo modificado e aos poucos vai descobrindo quem o colocou ali e por quê. Todos os dias ele passa por provas reais de resistência, enquanto descobre as regras daquele confinamento. Conforme o tempo passa, o ambiente se torna mais claustrofóbico e o protagonista se vê confrontado por dilemas morais que por vezes parecem maiores do que sua própria luta pela vida.
Assista o trailer dublado:
Apesar da entrega convincente de Skarsgård, seu personagem é mal aproveitado diante do roteiro apressado. As mudanças internas do protagonista não são apresentadas de forma gradual, mas sim resumidas em diálogos expositivos e viradas bruscas. Anthony Hopkins, em participação pontual como William Larsen, consegue impor sua presença forte e até consegue contribuir para o peso dramático na narrativa. Ainda assim, o potencial do elenco é subaproveitado por um texto que não sabe bem como comunicar seus conflitos.
O roteiro de Confinado tenta abordar temas como desigualdade e moralidade, mas o faz de forma apressada e superficial. As discussões surgem sem preparação adequada e soam forçadas, como se estivessem ali apenas para sofisticar o subtexto e fazer com que o produto se encorpe com um aspecto de mais complexidade. Em vez de integrar esses temas ao enredo de forma orgânica, o filme opta por jogá-los em falas soltas e cenas que não se conectam com o restante da trama.
Ainda que no meio de todas essas discussões relevantes e alinhadas ao mundo real, a obra toma a péssima decisão de chocar e se propõe a vilanizar ao máximo o personagem William, o que torna prejudica a controvérsia moral e claramente aponta, de forma bem cartunesca, que um dos lados claramente representa um “mal maior”.
Confinado (2025) — ou Locked, na versão original em inglês —, é um filme que luta para parecer complexo sem nunca de fato mergulhar em suas próprias propostas e acabar desviando suas atenções para algumas sequências mais frenéticas que de nada acrescentam. Uma boa atmosfera, atuações sólidas e uma premissa promissora, mas tudo isso se perde em meio as indecisões da direção. Ao tentar equilibrar tensão, crítica social e terror psicológico de forma superficial, o longa termina sendo apenas mais uma experiência daquelas de se esquecer em poucos dias.
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